Resenha: Os Três Mosqueteiros Steampunk (por Sid Castro)
Livro clássico de aventura de Alexandre Dumas tornou-se fonte para
centenas de filmes, desenhos e quadrinhos; e, inclusive, ficção científica
Os Três Mosqueteiros são um dos mais conhecidos romances de aventura de todos os tempos. Romance histórico escrito pelo francês Alexandre Dumas, filho de um nobre com uma escrava negra, foi inicialmente publicado como folhetim (uma espécie de novela ou revista pulp da época), com enorme sucesso, no jornal parisiense Le Siècle, de março a julho de 1844, antes de ser lançado como livro, completando este ano (2019) 175 anos.
Poucos romances tiveram uma influência tão grande nas diversas expressões das artes. Sua história foi adaptada inúmeras vezes para cinema, quadrinhos, desenhos animados, séries de TV e o mais que se possa imaginar, copiado, plagiado e servindo de base para todo um gênero literário, o capa-e-espada. E, inclusive, para um space opera do começo do século XX, Legião do Espaço, de Jack Williamson (1934).
Os Três Mosqueteiros é o volume inicial de uma trilogia (seguido por Vinte Anos Depois e O Visconde de Bragelonne) romanceando fatos históricos durante os reinados de Luís XIII e Luís XIV e da Regência que se instaurou na França entre os dois governos. Sempre chamou atenção que os três mosqueteiros eram, na verdade, quatro: Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan, que no primeiro romance ainda não havia entrado no corpo de soldados do rei da França. Tinham esse nome devido ao uso dos mosquetes, um tipo de espingarda do século 17, mas eram mesmo conhecidos como exímios espadachins e duelistas. Outro detalhe que fez a fama do livro foi o bordão ‘todos por um, um por todos’ – que no cinema acabou sendo invertido. Usado como grito de guerra pelos mosqueteiros, a frase na verdade era uma espécie de slogan monarquista e absolutista – o ‘um’ era o rei, e o ‘todos’, o povo. Com o tempo, o lado panfletário do romance de Dumas se perdeu, ficando a narrativa aventurosa e romântica inigualável e sempre imitada.
O livro conta a história do jovem D’Artagnan, da rural Gasconha, que vai a Paris buscando se tornar membro do corpo de elite dos guardas do rei, os mosqueteiros. Mas o jovem consegue arranjar encrenca por toda parte – com os próprios três mosqueteiros e os soldados do Cardeal Richelieu, o primeiro-ministro. Juntos, os quatro enfrentaram grandes aventuras a serviço do rei, e principalmente, da rainha, Ana de Áustria. Cheio de reviravoltas, duelos, amores e intrigas internacionais, o romance mistura fatos e personagens históricos com fictícios.
Desde o cinema mudo dezenas de filmes foram produzidos, sendo uma das mais famosas o de 1948, com o dançarino acrobata Gene Kelly. Até Charlie Sheen foi mosqueteiro, numa versão da Disney, em 1993. A mais recente foi em 2011, com Milla Jovovich no papel da vilã, com uma série de elementos fantasiosos inseridos, como dirigíveis e ação em ritmo de game, o que tornou esta uma espécie de Três Mosqueteiros Steampunk. .
Nos desenhos animados, além de alguns longas inexpressivos e uma série da Hanna-Barbera para TV, teve versões com Mickey e Pateta, Tom e Jerry e mosqueteiros caninos, entre outras. A BBC inglesa também resgatou recentemente Os Três Mosqueteiros com uma estética realística e três temporadas de muita ação.